13.11.16

A ousadia move o mundo

Tenho dito que você deveria libertar-se das amarras, saltar profundo e viver a vida. Acontece que isso é uma proposta retórica. Não estou pregando que você deva realmente abandonar tudo e sair correndo agora mesmo. Simplesmente porque não há profundidade suficiente para todos saltarem, ao mesmo tempo. Aliás, se todos saltassem perderíamos as referências. Se todos saltassem — saltar passaria a ser uma coisa banal, comum. Se todos largassem tudo, a vida viraria uma bagunça... 

Seria o caos. 

E se tem uma coisa pior do que a ordem absoluta, é a desordem absoluta. Portanto, é preciso que quase todos permaneçam exatamente como estão, atolados nessa desgraçada rotina quotidiana — e cuidando das engrenagens do mundo — para que apenas uns poucos, pouquíssimos, saltem profundos. 




Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.


As grandes inteligências conseguem considerar duas ou mais visões contrastantes — ou contraditórias, e até mesmo antagônicas — de uma mesma questão, analisá-las ambas ou todas em conjunto, simultaneamente, e não preferir nenhuma delas até que alguma conclusão logicamente satisfatória e defensável se apresente. 



Não espere a graça do cisne no pescoço de um pato.


A liberdade é perigosa. A vida livre é arriscada, insegura, incerta, é cheia de surpresas, cheia de perigos e de buscas, mudanças, sobressaltos. A liberdade é muito perigosa... Só quem ama o risco é que pode ser livre. Só quem é dono de si mesmo é que pode ser livre de verdade. Só quem é dono do próprio destino é que arrisca a vida para salvar a própria vida. A liberdade, portanto, não é para qualquer um: os acomodados e os covardes jamais serão livres. Escravos não conseguem ser livres. E a segurança da gaiola seduz. 



Mas se vocês não arriscam nada — pretendem ganhar o quê?









Esta frase acima foi dita por Zalmann (*), personagem do livro O Evangelho de Edma Lux, escrito por Paritosh Keval, e cuja versão em português estará sendo lançada em fevereiro de 2023.

(*) Quinto evangelista.



Se você ama de verdade uma determinada pessoa — liberte-a de você, primeiramente. Depois, procure ajudá-la a libertar-se de si mesma, e também da eventual necessidade que ela possa ter de às vezes ligar-se de forma dependente a certas relações aprisionantes. Libertar é salvar. Mas também nunca se esqueça de que salvar-se é libertar-se. De si — e dos outros.


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Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.

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Meu poema MUDE abre este vídeo,

E abre os horizontes pra você.





Amar é permitir sempre. Amar é deixar que o outro vá  ou que fique, se assim o desejar. Amar é ter um respeito absoluto pela própria liberdade e pela liberdade do outro. Amar é compreender sempre. E isso não significa apenas entendimento racional, vai além, muito além: Amar é reconhecer afetuosamente o direito que o outro tem de fazer suas escolhas. Mesmo que essas escolhas eventualmente me excluam.





Eu te amo quando não preciso mais dizer te amo.
Eu te amo quando reconheço teu Direito de Fazer Escolhas.
Eu te amo quando respeito tua própria liberdade tanto quanto a minha.
Eu te amo quando compreendo tua vontade de às vezes ficar só.
Eu te amo quando não te sufoco com chiliques ou pressões.
Eu te amo quando ponho afeto entre as nossas distâncias.
Eu te amo quando aplaudo os teus desejos de voar.
Eu te amo quando me convenço de que o ciúme é algo a superar.
Eu te amo quando te ajudo a ser mais livre do que eras quando eu te conheci.
Eu te amo quando a recíproca a tudo isso também é verdadeira.





Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.


Abraço sempre a liberdade das minhas concepções estéticas — e escrevo. Na verdade, eu rabisco palavras de amor em defesa da Vida. Não para que você concorde comigo, mas para transmitir emoções — racionalmente. Escrevo para te provocar — amorosamente. Para que você pense um pouco mais sobre essa vida que hoje leva. Para que você veja o mundo de outra forma. Escrevo principalmente para excitar teu intelecto e abrir teu coração ainda mais. Por isso eu vibro tanto a cada vez que o meu verbo livre entra no teu peito e dança.



Eis o vídeo do meu poema MUDE, com a genial interpretação do Abujamra.


O desapego é a mais pura forma de amor. Essa minha frase é apenas um resumo do que me disseram dois grandes mestres: Sidarta, o criador do Budismo, e Jesus, aquele que fez o Sermão da Montanha. Eles sussurram todo dia essas coisas para mim. Ambos pregavam exatamente isso: o desapego. Sei que é difícil desapegar-se. Demora muito. Mas, mesmo assim, é preciso ir além. É preciso que nos tornemos não só desapegados, como também desnecessários. Ou seja, é preciso permitir que o outro também de nós se desapegue. Libertar-se — e permitir que o outro também se liberte. Todas as grandes religiões e filosofias orientais pregam exatamente isso. Mas, nós, aqui no Ocidente, apressados e materialistas, ainda estamos longe disso. Somos muito pesados. É uma pena.

Leias outros textos meus sobre o desapego AQUI.



Mude 



Mude,
mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo sabor,
o novo prazer, o novo amor.
(...)
Tente.
Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
(...)
Só o que está morto não muda !
Edson Marques 


Dê um click acima para ler o poema todo. 

Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura
Poema MUDE - Registro: 294.507 - Livro: 534 - Folha: 167
 




Tem hora de parar — e tem hora de partir. Tem hora de permanecer quieto e calado num canto, e tem hora de cantar e de voar. E agora não é hora de dobrar as asas, nem de catar gravetos para fazer o ninho. Não é hora de buscar consolo, nem de caiar o túmulo (...) Portanto, não envenene com teu medo a minha dança. Seja só uma testemunha desta vertigem.

Porque agora, agora é hora de voar. É hora de abrir-me a todas as possibilidades. E saltar num voo livre e sem destino para dentro de mim mesmo.

Leia aqui o poema todo.

30.10.16

Só o que está morto não muda

O domínio absoluto sobre os meus estados de espírito é a minha maior conquista como ser humano. Há mais de vinte anos que não perco a calma. Há mais de vinte anos que não produzo adrenalina desnecessariamente. Não brigo, não xingo, não bato. Não sinto raiva nem ódio, nem ciúmes, nem rancor. Não me irrito por absolutamente nada. Nunca tive mau humor. Não tenho sequer aqueles nozinhos horrorosos na garganta. Não me descontrolo jamais! Não há motivos racionais que possam me abalar. Não discuto, a não ser filosofia. Sou amorosamente zen... 


Como consigo tal façanha? — você pode perguntar.


É muito simples:
Dou valor secundário às coisas secundárias. E considero secundário tudo aquilo que não é fundamental... Tudo aquilo que não tem poder de causar mudanças significativas no rumo da minha vida. Considero secundário tudo aquilo que não me traz gostosura, alegria ou felicidade.



Eu não busco aprovação alheia, nem quero aplausos fáceis. O apoio dos normais não me interessa. Eu quero apenas provocar intelectualmente as pessoas criativas, como suponho você é. No fundo, eu quero questionar todas as "verdades", e esmagar todas as convicções. Inclusive as tuas, mas principalmente as minhas. Para que possamos trocar experiências fascinantes — e talvez criar alguma coisa verdadeiramente nova.



Se todo amor fosse eterno, aquele teu primeiro já teria sido...


Tenho dito que você deveria libertar-se das amarras, saltar profundo e viver a vida. Acontece que isso é uma proposta retórica. Não estou pregando que você deva realmente abandonar tudo e sair correndo agora mesmo. Simplesmente porque não há profundidade suficiente para todos saltarem, ao mesmo tempo. Aliás, se todos saltassem perderíamos as referências. Se todos saltassem — saltar passaria a ser uma coisa banal, comum. Se todos largassem tudo, a vida viraria uma bagunça... Seria o caos. E se tem uma coisa pior do que a ordem absoluta, é a desordem absoluta. Portanto, é preciso que quase todos permaneçam exatamente como estão, atolados nessa desgraçada rotina quotidiana — e cuidando das engrenagens do mundo — para que apenas uns poucos, pouquíssimos, saltem profundos. Afinal, saltar profundo não é pra todo mundo.



Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.


As grandes inteligências conseguem considerar duas ou mais visões contrastantes — ou contraditórias, e até mesmo antagônicas — de uma mesma questão, analisá-las ambas ou todas em conjunto, simultaneamente, e não preferir nenhuma delas até que alguma conclusão logicamente satisfatória e defensável se apresente.



Não espere a graça do cisne no pescoço de um pato.


A liberdade é perigosa. A vida livre é arriscada, insegura, incerta, é cheia de surpresas, cheia de perigos e de buscas, mudanças, sobressaltos. A liberdade é muito perigosa... Só quem ama o risco é que pode ser livre. Só quem é dono de si mesmo é que pode ser livre de verdade. Só quem é dono do próprio destino é que arrisca a vida para salvar a própria vida. A liberdade, portanto, não é para qualquer um: os acomodados e os covardes jamais serão livres. Escravos não conseguem ser livres. E a segurança da gaiola seduz.



Se vocês não arriscam nada — pretendem ganhar o quê?


Nunca escondo meus leitores de si mesmos: em verdade, eu ilumino a parte escura do caminho que se encontra dentro deles. Como sou um garimpeiro de verbos incendiados, só gosta de me ler quem já tem brilho e não se apaga... Mas se eu primeiro não tornar as emoções em alegria, não terei coragem de abrir meu coração inteiro para ser lido com ternura por você. Por isso, só me mostro mesmo após o meu encanto, e só te dou estas palavras depois que as refino. Aliás, se eu não polir as minhas pedras preciosas com amor e gostosura, como poderia eu querer trocá-las por essa tua tão amada luz diamante?



A melhor realidade é aquela que nasce de um sonho.


Minha proposta é a Liberdade Absoluta. Eu venho é para semear auroras no teu peito. Quebrar paradigmas, derrubar padrões. Não trago nenhuma resposta pronta: eu só faço perguntas. Em verdade, eu quero é mexer no coração da tua cabeça, por fora e por dentro — poeticamente. Fazer um delicioso cafuné nos teus neurônios enrolados e amorosos. Passar um doce pente fino nos caracóis da tradição... Eu quero questionar as tuas verdades mais queridas. Chacoalhar essas tuas convicções inabaláveis. Não quero te propor sossego — nem venho te trazer nenhuma paz cansada. Eu apenas te convido a ter coragem! Eu te convido a um salto profundo em direção à Vida. Escandalosamente profundo!



Tem dias que alguns querem colocar-me contra a parede...
Mas a parede nunca é contra mim.


Ninguém vai além de seus limites. Se for, não eram. Afinal, se alguém ultrapassar os seus limites, então não eram realmente limites. Eram falsos limites. Milhões de pessoas têm falsos limites. E o que é pior: acreditam neles. Não raro, limites estipulados por terceiros, que sequer teriam direito de interferir em vidas alheias. Mas os piores limites, os mais lamentáveis, são aqueles que nós mesmos nos impomos — quase sempre muito aquém do que seria o ideal, com base em nossos próprios estados negativos de potência. Portanto, não se deixe limitar, nunca! Nem por seus inimigos — nem por esse monstro horroroso e carniceiro que se chama Falta de Coragem.






Amar de verdade é jamais ter ciúmes do objeto amado. Nem medo de perdê-lo. Amar é não forçar nada, sequer um beijo. Amar é não fazer perguntas desnecessárias ou indiscretas — muito menos na hora errada. Amar é deixar fluir a relação em todos os sentidos. É incentivar o voo livre que o outro pode estar querendo, e às vezes até mesmo empurrá-lo com ternura para o abismo gostoso do desconhecido profundo. Amar é respeitar com devoção e aplaudir com entusiasmo esse desejo louco de saltar que o outro às vezes tem.



Assim que o escrevo, eu e o poema nos tornamos uma coisa só.


A condição sine qua non para subir ao Pico (e sentir-se muito bem aqui) é ter asas próprias, saber voar com eficiência — e amar a Liberdade sobre todas as coisas. Sem isso, é melhor contentar-se com o sopé da montanha. Ou então tomar providências rigorosas imediatas!

10.9.16

Eclesiastes 12:1-7

Lembra-te do Criador, ó meu amor,
Antes que Ele venha te buscar,
Antes que cheguem os anos em que digas:
Começo a me cansar;
Antes que se escureça o sol,
e que a luz se apague,
Antes que a lua clame,
Antes que as estrelas pisquem,
Antes que a chuva caia;
Antes que tremam os guardas da casa forte,
Antes que cessem os moedores, por serem poucos,
Antes que se ceguem os olhos das tuas janelas;
Antes que as portas do mundo se fechem
por causa do som ausente da moedura,
Antes que se levantem as vozes das aves livres,
Antes que as filhas da música se abatam todas;
Antes que passes a temer o alto,
Antes que o caminho te amedronte,
Antes que floresça a amendoeira,
Antes que o gafanhoto te seja um peso,
Antes que te pereça o apetite;
Antes que os pranteadores te rodeiem pela praça;
Antes que se rompa o cordão de prata,
Antes que se quebre o copo de ouro,
e se despedace o cântaro junto à fonte;
Antes que se quebre a roda à beira do poço,
Antes que em pó à terra voltes, meu amor,
— faze com que teu espírito se volte a Deus.

Edma Lux. Projeto Bíblia Poética.
Recriando o Eclesiastes 12.1-7.

Para ouvir a gravação ainda experimental click AQUI.



Bonequinha de cetim feita por Joyce Ann em 2001.



Aceitar, em princípio, as suposições racionais eventualmente contrárias às tuas, feitas pelo Outro a respeito de uma certa questão, não significa, necessariamente, o abandono das tuas próprias sobre a mesma questão.

11.4.12

Quais são os teus sonhos?

QUARENTA COISAS PRA FAZER EM 2022:

01. Tome mais água, mais vinho e mais sol.
02. Escolha melhor os teus próximos amores. Prefira os livres.
03. Viva com mais Entusiasmo, com mais Energia, e com mais Coragem.
04. Arranje sempre algum tempinho pra falar com Deus.
05. Faça atividades que estimulem o teu cérebro.
06. Leia mais livros do que leu em 2021.
07. Fique em silêncio alguns minutos todo dia. Pense. Reflita. Medite.
08. Procure dormir tranquilamente, para acordar de bom humor.
09. Faça exercícios físicos. Caminhe pelo menos 30 minutos por dia.
10. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
11. Não compare a tua vida com a de ninguém. Cada um tem sua história.
12. Seja um otimista racional.
13. Mantenha o controle absoluto dos teus estados de espírito.
14. Não se torne sério demais. Só os alegres vão pro Céu.
15. Só gaste tua preciosa energia com coisas gostosas.
16. Sonhe mais. Sem sonho não se cria nada.
17. Saiba que a inveja é um desesperado sinal de fracasso.
18. Jamais conclua apressadamente. Analise antes as premissas.
19. A vida é curta demais para ser tão pouca. Viva mais!
20. Faça as pazes com o teu passado para não estragar o teu presente.
21. Ninguém comanda a tua própria felicidade, a não ser você mesmo.
22. Já que a vida é uma escola — aproveite pra aprender.
23. Sorria mais. Encontre motivos para dar umas boas gargalhadas.
24. Não é preciso vencer todas as discussões. Aceite a discordância.
25. Entre mais em contato com teus amigos e com teus amores.
26. Nunca perca uma oportunidade de ajudar alguém.
27. Se não puder perdoar a todos, ao menos os compreenda.
28. Misture-se aos melhores.
29. Jogue fora tudo que não presta.
30. O que outros dizem a teu respeito nunca vai mudar a tua essência.
31. Não permita que um simples idiota comprometa o teu destino.
32. Faça sempre o que é correto, justo e verdadeiro.
33. Procure não trair jamais a tua própria natureza.
34. Deus cura todas as doenças — exceto o mau humor e a maldade.
35. Valorize a própria liberdade, acima de qualquer outra coisa.
36. Não importa como você esteja se sentindo: pratique uma boa ação.
37. O melhor ainda está por vir — em todos os sentidos.
38. Só o que está morto não muda.
39. Preencha o teu coração com alegria, esperança e gostosura.
40. Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.


TransCriação de Edson Marques sobre um texto da internet + partes do poema Mude.




O desapego é a mais pura forma de amor. Essa minha frase é apenas um resumo do que me disseram dois grandes mestres: Sidarta, o criador do Budismo, e Jesus, aquele que fez o Sermão da Montanha. Eles sussurram todo dia essas coisas para mim. Ambos pregavam exatamente isso: o desapego. Sei que é difícil desapegar-se. Demora muito. Mas, mesmo assim, é preciso ir além. É preciso que nos tornemos não só desapegados, como também desnecessários. Ou seja, é preciso permitir que o outro também de nós se desapegue. Libertar-se — e permitir que o outro também se liberte. Todas as grandes religiões e filosofias orientais pregam exatamente isso. Mas, nós, aqui no Ocidente, apressados e materialistas, ainda estamos longe disso. Somos muito pesados. É uma pena.




Quando eu falo em Jesus estou me referindo a um Mestre. A um gênio. Um filósofo que soube compreender como ninguém a alma humana. Não é, provavelmente, o mesmo Jesus a que você se refere, e em quem você diz que crê de modo inquestionável. É outro. O meu Jesus é um sábio, o teu parece apenas um ser mitológico. Mas o bom de Jesus é isto: ele, no Sermão da Montanha, já previu que nós dois existiríamos. Um de nós Lhe dá as mãos em cumprimento respeitoso por suas ideias geniais, e o outro só Lhe pede salvação, e um potinho de miçangas. Mas o melhor de tudo nessa história é que, confiando em Jesus — cada um a seu modo — nós dois seremos salvos. Eu e você...
Cada um a seu modo.




Em Lucas 17:21 Jesus diz que o paraíso está dentro de nós mesmos. O céu não é um lugar nem uma situação: é um estado de espírito. E somente aqueles que têm bons propósitos e dominam seus estados de espírito é que podem ter o céu no seu próprio coração. Acredito nisso. Da mesma forma, e ao contrário, aqueles que não têm um bom equilíbrio emocional, aqueles que se desesperam e se estressam por qualquer coisa, que gritam e que berram, sapateiam — os invejosos e ciumentos, os maus e os gananciosos — esses acabam tendo apenas o inferno profundo dentro de si.

Muitas pessoas supõem, erradamente, que o Céu e o Inferno são lugares. Lugares físicos, com três dimensões mais o tempo, e cheios de átomos e moléculas. Inclusive de oxigênio — que, no caso do Inferno, é para poder pegar fogo... Afinal, sem moléculas de oxigênio, é impossível produzir fogo. Outro dado importante: se o Céu e o Inferno fossem lugares geográficos, eles deveriam estar localizados numa determinada região da Via Láctea — e daí as mitologias todas se espatifam. Mas essas historinhas eu só conto no meu livro Lógica para Crianças. Os adultos já estão cansados de saber dessas coisas tão óbvias.




Eu não perco nenhuma oportunidade de ajudar alguém. Esta frase me ocorreu a propósito de uma cena presenciada ontem por mim. Um conhecido meu — crente em Deus, devoto sincero — ao ver um maltrapilho pedindo um pratinho de comida, recusou-se a ajudar, sob a alegação de que "Deus sabe o que faz", e que, se aquele ser humano está passando fome (ou sede, ou frio, ou dor), é porque merece esse "castigo". Já minha visão do fato é outra. Minha leitura da mesma cena é radicalmente diferente. Embora eu também possa considerar que "Deus sabe o que faz", suponho que Deus colocou aquele mendigo no meu caminho exatamente para que eu participe da cena — e o ajude. No fundo, é uma chance que Deus me concede para que ajude alguém. Portanto, eu jamais iria desperdiçar uma chance de servir a Deus. Além do mais, pode ser que Deus me apresenta essas coisas todas só para ver se estou atento ao sofrimento alheio... Vai saber. Então — ajudo!

Essa forma fria, cruel e econômica que meu conhecido escolheu para encarar tal questão me parece desumana e meio contraditória, pois elimina qualquer possibilidade de ajuda humanitária, apoio amoroso, justiça social e até mesmo caridade. Desumaniza as relações. Inclusive, vai contra o que pregava Jesus Cristo. Entretanto, ressalvo que também eu, neste específico caso, talvez esteja errado — e Deus realmente pode não estar ligando nem um pouquinho para o sofrimento humano... Vai saber!



O Universo é um Todo. Enquanto você não considerar o Universo como um Todo — não será feliz de modo algum. Porque é impossível ser feliz manipulando partes do Todo, como se fossem totalidades minúsculas. Você vê a árvore e não vê a floresta. Vê o pássaro — mas não vê o voo. Você vai à igreja e se porta diferente do que no boteco. Gerencia tua empresa de modo diferente do que gerencia a tua casa. Dá um beijo em tua mãe e dá um coice no empregado. Trata o cliente com respeito absoluto e a garçonete com o máximo desprezo. Toma hóstia como fosse diferente de um torresmo. Toma vinho com culpa e leite com louvor. Tá tudo errado! O Universo é um Todo. Jesus já dizia isso. Jesus, Buda, Sócrates, Diógenes, Confúcio, etc. Mas você não acredita neles. Você acha que sabe mais do que eles. Esses mestres disseram que você tem que primeiro ser feliz para só depois fazer as outras coisas. Mas você inverte tudo. Você quer primeiro fazer as outras coisas — para ser feliz só depois. Não vai dar tempo.


28.3.12

O Deus de Espinosa


“Pára de ficar rezando e batendo no peito!
O que eu quero que é que saias pelo mundo e desfrutes tua vida.
Eu quero que gozes, que cantes, que te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos horrorosos, obscuros e frios que tu mesmo construíste, e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está lá nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo, e aí expresso o meu amor por ti.

Pára de me culpar pelas coisas que te ocorrem: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar o teu amor, o teu êxtase, a tua alegria.
Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Eu nunca escrevi nada, nunca peguei numa caneta... Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no bondoso olhar dos teus amigos, nos olhos inocentes do teu filho — não me encontrarás em nenhum livro!

Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como eu devo fazer meu trabalho?
Pára de querer me orientar e dizer como tenho que proceder!

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pára de me pedir perdão o tempo todo. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz — foi para te encher de paixões, de prazeres, sentimentos, necessidades, incoerências, livre-arbítrio e gostosura.

Como posso te castigar por seres como és — se Eu sou que te fiz?

Tu achas que eu criaria um lugar quente chamado Inferno só para queimar os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer uma coisa dessas?!

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas que alguns safados inventam só para te manipular e te controlar. Só para te encherem de culpa.

Se quiseres pagar o dízimo, paga — mas fiscaliza a destinação!

Respeita o teu próximo como a ti mesmo, e não faças a ele o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção à tua vida, e que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o única coisa que há aqui e agora, e só disso é que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre.
Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes.
Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro.
Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida o que quiseres.

Eu não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho: Vive como se não houvesse mais nada. Vive como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não houver nada depois, já terás aproveitado da oportunidade que te dei aqui.

E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste bem comportado ou não. Eu só vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste...
Do que mais gostaste? O que foi que aprendeste, e que belas coisas tu criaste?

Pára de crer em mim!
Crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim!
Eu quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Quando danças!

Pára de me louvar!
Que tipo de Deus narcisista tu pensas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem todo dia. Me cansa que me agradeçam toda hora...
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do teu mundo.
Te sentes maravilhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito bom de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir feito um papagaio tonto esse monte de besteiras que te ensinaram sobre mim.

A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Então, por que raios é que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações?

E não me procures fora, no exterior de ti!
Não me acharás.
Procura-me dentro de ti... Aí é que estou — batendo em teu coração."

Baruch Spinoza



Não sei se o texto original é mesmo de Espinosa. Mas esta é a minha versão. Alterei muito certas partes, porém sem comprometer o todo da ideia. O meu Deus é muito parecido a esse "de Espinosa".
Edson Marques. Março de 2012.



Bento de Espinosa (1632—1677) foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com Descartes e Leibniz. Nasceu em Amsterdã, numa família judaica que havia fugido da Inquisição de Portugal. Foi um grande estudioso da Bíblia, do Talmude e da filosofia oriental. Também estudou muito Sócrates, Platão, Aristóteles, Demócrito, Epicuro e Giordano Bruno. Ganhou fama pela sua ideia de Deus igual Natureza, e ainda pelo fato da sua ética ter sido escrita sob forma de postulado e definições, como fosse um tratado de geometria.




20.2.12

Minhas ideias

JÁ ESTAMOS NO FIM DO ANO. E você continua aí, do mesmo jeito, andando pelas mesmas ruas, girando as mesmas chaves para abrir as mesmas portas? Sentado nas mesmas cadeiras, ao lado das mesmas mesas, fazendo sempre as mesmas coisas? Com os mesmos amigos, os mesmos amores, a mesma visão do mundo? Com os mesmos medos e preconceitos? Abraçando as mesmas pessoas, tocando os mesmos corpos, com o mesmo jeito, os mesmos toques, e o mesmo estilo? A mesma instável estabilidade? Repetindo a mesma angustiante rotina?

Onde está aquele maravilhoso projeto de Vida?!

Onde está a coragem de mudar, a coragem de criar? Onde aquele entusiasmo e aquela ousadia de outrora? Onde aquela gostosura tão buscada? Onde estão aqueles sonhos todos?






Como filósofo, e com responsabilidades intelectuais que levo a sério, não posso apoiar a fé de modo algum. Entretanto, como poeta, eu creio num Deus maravilhoso, que mora dentro do meu próprio coração. Inclusive no meu próprio coração. Porque Ele mora também no coração das estrelas. O meu Deus pode até ser o mesmo que o teu — só que o meu é mais poético e não me exige uma fé inabalável. De certo modo, e no sentido figurado, eu creio nele e Ele em mim. Não negociamos nossas crenças em comum. Por isso, quando falo com meu Deus, dou-lhe a garantia de que sou-lhe seu amigo e não seu seguidor. Converso com Deus por opção poética, não por dever da crença. Minha chance de ser salvo, portanto, é bem maior do que a de um papa ou de um pastor. Aliás, dando-me as condições intelectuais de ser ateu, especialmente a lógica e a razão, Deus já me salvou dos horrores e desgraças de uma fé sem fundamento.

Click aqui para ler o Meu Conceito de Deus.



Click AQUI para ver algumas das minhas ideias e projetos já realizados.
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1.11.11

O inconsciente comanda tudo

Tem gente que reza — mas reza errado. Reza pedindo coisas, milagres, soluções para sua vida. Tem gente que faz uma listinha de quinquilharias, tranqueiras e miçangas pra Deus mandar, como se o Céu fosse uma lojinha de presentes que atende por Sedex. Rezar pedindo coisas não adianta porra nenhuma: Deus nem dá bola... Quando rezamos, temos é que oferecer algo para Deus. Assim é que se reza. Só assim que Ele nos ouve. Isso acontece com todos os Deuses. O Nosso não seria diferente.

Shiva é o Deus Supremo (Mahadeva), o Meditante (Shankara) e o Benevolente — onde reside toda a Alegria (Shambhu).

Na tradição hindu, Shiva é o destruidor — aquele que destrói para construir algo novo — motivo pelo qual muitos o chamam de "O Renovador" ou "O Transformador". As primeiras representações surgiram no período Neolítico (em torno de 4.000 a.C.) na forma de Pashupati, o "Senhor dos Animais". A criação da yoga, prática filosófica que produz profunda alteração física, mental e emocional, portanto intimamente ligada à Transformação, é atribuída a ele.